Conhecimento é Poder? Então o que você está fazendo com o seu?

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"Assim como somos a maioria do tempo razoáveis, convincentes, focados e perspicazes, podemos também ser ilógicos, emocionais, irracionais, desligados e escandalosamente hipócritas...à medida que avançamos no conhecimento do nosso cérebro podemos fazer escolhas mais assertivas." Solange Mata Machado.

Quando Howard Shultz, ex-CEO da Starbucks, tinha 7 anos, seu pai que era vendedor de fraldas porta a porta, quebrou o tornozelo e ficou sem poder sustentar a família, não tendo apoio da empresa que representava, chegou a passar necessidades. Essa experiência marcou a vida do futuro executivo.

Howard Shultz era funcionário da Starbucks, na década de 80, quando a empresa tinha apenas 4 lojas. Em uma viagem de férias à Itália, ele observou as pessoas na experiência de tomar café, concluiu que a empresa em que trabalhava estava no ramo errado, isto é, não era para vender café e sim a experiência que as pessoas têm ao tomar o café, ou seja, o foco são as pessoas e não os produtos.

Ao retornar pesquisou e percebeu que não se vendia o Latte nos EUA, saiu do emprego e montou sua própria cafeteria, introduziu o Latte nos EUA e criou a experiência do cliente ao tomar café. Posteriormente, quando a Starbucks estava em plena decadência e rumo à quebra, foi chamado de volta à companhia reerguendo-a e, em 1987, foi vendida para ele por mais de três milhões e oitocentos mil dólares. Em 2018, a Starbucks teve receita de 24,71 bilhões de dólares. Em 2016, gerava mais de 230.000 empregos.

Aonde quero chegar com essa história? O comportamento diante das situações da vida de Howard Shultz é de alguém que se afoga nos problemas ou de alguém que transforma problemas em oportunidades?

O Rei do Café tem um mindset de crescimento (Carol S. Dweck) construído através de experiências, umas boas, outras nem tanto, contudo, mesmo diante de uma adversidade ele se porta de maneira a superá-la e não como impeditivo de seguir adiante, apesar disso parte de valores e concepções de visões de mundo próprias, todos nós partimos.

Ao ver o pai impedido de trabalhar e sem sustentar a família, poderia ter criado desde os 7 anos a crença de que os empregadores são maus, que o mundo é cruel e se tornado alguém totalmente diferente. Ao contrário batalhou para gerar centenas de milhares de empregos diretos e indiretos.

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Mas não sou Warren Buffett, não sou Howard Shultz, nem nenhum desses "gênios" do mundo dos negócios, e aí?

Não somos eles, ainda bem, porque cada um tem um propósito a contribuir com a humanidade diferente dos demais, ademais, podemos transformar nossa visão de mundo, mudar nossas crenças, podemos nos programar e alterar nosso Mindset, como bem pontua Solange Mata Machado em recente publicação.

Segundo a mesma autora, a neurociência desmitificou o fato de que aprendemos menos após certa idade, então não tem desculpa, esse papo de velhice é besteira, esse papo que já estudei o suficiente também, o cérebro produz sinapses até na hora da sua "passagem" ou como queira denominar o fim do seu ciclo de vida.

Lembro-me agora de um grande professor, Rosemiro Pereira Leal, que me disse que não estamos fadados ao infortúnio de um modelo cultural a vida toda, sendo plenamente possível mudarmos uma determinada cultura, como nos mostra a própria história.

Seu cérebro se molda ao ambiente, somos seres eminentemente sociais, por exemplo, já percebeu quando viajamos por determinado período e voltamos com sotaque do local que estávamos? Isso ocorre com muitas pessoas e exatamente porque somos adaptáveis, conscientemente se tivermos atenção, inconscientemente se não tivermos, porque aprendemos também dessa forma.

Então, se podemos mudar o Mindset coletivo, não podemos mudar o pessoal? Claro que SIM. E o que tudo isso tem a ver com o título? _ Uma coisa é o meu conhecimento, outra, minhas crenças, você leitor pode estar me[se] questionando. Então vamos lá.

Conhecimento é Poder?

Antigamente, conhecimento por si só era poder pujante, difícil muitas vezes de acessar, tínhamos vendedores de enciclopédias de porta em porta, essa escassez de conhecimento gerou, antes da Internet, U$ 2 Bi de receita para o The Wall Street Journal, em uma única missiva aos seus futuros clientes, e hoje em dia?

Todos têm acesso ao conhecimento instantâneo, gratuito ou pago, basta acessar um mecanismo de pesquisas ao alcance das mãos em qualquer Smartphone, mas saber selecionar o Conhecimento Útil e saber colocá-lo em prática, é o grande diferencial da nova era[Daí o sucesso de produtores de conteúdo qualificados].

Seu cliente, seu comprador, seu paciente têm acesso à mesma informação que buscam com você e na palma das mãos, "e agora José?... José para onde?"

Não somente saber colocar o Conhecimento em prática, mas também saber lidar com as mudanças, revoluções digitais e do mercado de trabalho, são os desafios vindouros, sob pena de ficarmos no ostracismo da produção de renda.

A saída para o futuro do mercado de trabalho, dos negócios e profissionais liberais, muito além de adaptarmos a tecnologias diversas, irá caminhar para valorizar habilidades humanas, subjetivas (soft skills), além das objetivas (hard skills=diplomas, especializações), sob pena da empresa ou do profissional não se manter.

Há dois anos a Forbes Brasil publicou reportagem dizendo que o mercado de trabalho iria valorizar as seguintes habilidades subjetivas (Soft Skills):

• Comunicação Eficaz, Pensamento Crítico, Resiliência, Empatia, Liderança e Ética no Trabalho.

A Revista Época Negócios publicou, em 29/10/2019, reportagem intitulada "As 10 habilidades profissionais que toda empresa vai exigir em 2020", como resultado do Fórum Econômico Mundial, dizendo que:

Daqui a cinco anos, por exemplo, de acordo com o World Economic Forum, 35% das habilidades que hoje são consideradas essenciais vão mudar.

• Atenção! Das dez habilidades citadas no título, oito, isto mesmo, 80%, são soft skills, são elas: Pensamento crítico; Adaptação e flexibilidade; Criatividade; Inteligência emocional; Inteligência cultural e diversidade; Habilidades de liderança; Julgamento e tomada de decisão; Colaboração. As outras duas, Alfabetização de dados (BIG DATA) e Habilidade em tecnologia (Blockchain, Internet das Coisas, etc.), também alçáveis a qualquer um.

Recentemente viralizou no WhatsApp um vídeo de uma cervejaria totalmente automatizada, milhares de metros quadrados de fábrica, com quase nenhum funcionário de produção.

Fonte Imagem: By Burst

Agora a presente comunicação entra em cena. Não para resolver o problema, mas para indicar os caminhos.

Como você se comporta em determinadas situações de frustração, ou dificuldade? Já parou pra refletir?

Mudar o mindset não é somente ter pensamentos positivos, como já ouvi por aí. Existem técnicas para que nos programemos e de conseguinte nossas crenças se alterem.

Atingir a satisfação em trabalhar, enxergar as crises como oportunidades, valorizar o ato de compra do seu cliente, transformar seu produto ou serviço em uma experiência, são meros exemplos do que podemos alcançar não só quando alteramos nossas crenças, desenvolvemos habilidades novas como seres humanos, quando procuramos enfrentar os problemas de frente, mas quando além de tudo isso temos autorresponsabilidade e autoconhecimento.

Isso mesmo, me corrijam os especialistas se estiver errado, mas para mudar qualquer comportamento, primeiro tenho que fazer uma autocrítica, eleger minhas crenças e entender se tais crenças são limitantes, são disruptivas, são retrógradas, se afetam as pessoas que convivem comigo, desativar o modo vítima literalmente[sempre existe um culpado pra tudo menos eu] e por aí vai. Saiba apenas que o primeiro passo é este: nosce te ipsum, ou seja, a célebre frase atribuída a Sócrates, por Platão, "Conhece-te a ti mesmo."

Adriana Marques faz semelhante advertência, dizendo ser necessário primeiro conhecer o nosso próprio mindset e conceitua:

O mindset faz parte da natureza humana. Ele é o modelo de mundo, ou seja, a mentalidade de cada indivíduo. É o reflexo da configuração da mente. É a forma de como cada um enxerga o mundo. Imagine uma reunião com várias pessoas e com um assunto em pauta. Todos estão presentes e vão vivenciar a mesma situação, mas, ao término da reunião, cada uma dessas pessoas vai relatar uma visão diferente. Isso está relacionado a lente que cada um possui e que é responsável por perceber tudo o que está em nossa volta.

Portanto, caro leitor, jamais desista de lutar por você e verá que a solução quase sempre caminha para sermos pessoas melhores em nosso lar, em nosso trabalho, em nossa religião, em nossa comunidade.

"E o autoconhecimento só é possível a partir do momento em que, além da percepção aguçada dos seus pontos fortes e fracos, você também saiba quais são os princípios e valores que o norteiam, assim como quais são os seus reais objetivos pessoais e profissionais. Caso contrário, é bem possível que você nunca consiga ser o real ´dono´ da sua vida." (Shiv Khera)

Certo Mestre da Revolução Francesa disse que "não há predestinação para o sucesso", portanto, a persistência nos objetivos o farão alcança-los, não desista de você e não fique parado.

Invista em si, invista em seus colaboradores, desenvolva novas habilidades de produtividade, torne a vida dos seus colegas de trabalho mais leve, tenha gratidão sempre e, novamente conheça-te a ti mesmo.

Bruno César Fonseca - bcf@sougrande.com.br

Referências para essa matéria:

Dweck, Carol S. Mindset: a nova psicologia do sucesso; tradução S. Duarte. – 1a ed. – São Paulo: Objetiva, 2017.

Machado, Solange Mata. Desconstruindo O Mindset E Construindo Inovação: Usando a neurociência para alavancar resultados. Editora EVORA, 2019.

Marques, Adriana. Mindset O Guia Rápido Para Mudança Definitiva: Porque algumas pessoas atingem resultados extraordinários e outras não. E-book: EuKratos. Ano não informado.

Gallo, Carmine. Storytelling: Aprenda a contar Histórias com Steve Jobs, Papa Francisco, Churchill e Outras Lendas da Liderança. Alta Books, 2019.